segunda-feira, 4 de maio de 2015

Internet no ensino universitário: pesquisa e comunicação na sala de aula

A educação avança pouco porque ainda estamos profundamente inseridos em organizações em processos de ensino e aprendizagem controladores, com educadores pouco livres, mal resolvidos, que repetem mais do que pesquisam, que impõem mais do que se comunicam, que não acreditam no seu próprio potencial nem no dos seus alunos, que desconhecem o quanto eles e seus alunos podem realizar.
Um dos eixos das mudanças na educação passa pela transformação da educação em um processo de comunicação aberta, entre professores e alunos, principalmente, mas também incluindo administradores e a comunidade. Só aprendemos profundamente dentro de um contexto comunicacional participativo.
Com ou sem tecnologias avançadas podemos vivenciar processos participativos de compartilhamento de ensinar e aprender pela comunicação mais aberta, confiante, de motivação constante, de integração de todas as possibilidades da aula-pesquisa.
É importante educar para que cada um encontre o seu próprio ritmo de aprendizagem e, ao mesmo tempo, é importante educar para aprender em grupo, para ter idéias para participar de projetos, realizar pesquisas em conjunto.
Uma das tarefas mais urgentes é educar o educador para uma nova relação no processo de ensinar e aprender, mais aberta, participativa, respeitosa do ritmo de cada aluno, das habilidades específicas de cada um.
A tecnologia nos propicia interações mais amplas, que combinam o presencial e o virtual. Somos solicitados continuamente a nos voltar para fora, a nos distrair, a copiar modelos externos, o que dificulta o processo de interiorização, de personalização. O educador precisa estar atento para utilizar a tecnologia como integração e não como distração ou fuga. Precisa mostrar para o aluno a complexidade do aprender. Ensina, aprendendo a relativizar, a valorizar a diferença, a aceitar o provisório.

A Internet na sala de aula
O fato de ver seu nome na Internet e a possibilidade de divulgar seus trabalhos e pesquisas, exerce uma forte motivação nos alunos, estimulando-os a participar mais em todas as atividades.
Começamos com uma aula introdutória para os que não estão familiarizados com a Internet. Aprendemos a conhecer e a usar as principais ferramentas. Fazemos pesquisa livre, em vários programas de busca.
É importante sensibilizar o aluno antes para o que se quer conseguir neste momento, neste tópico. Se o aluno tem claro ou encontra valor no que vai pesquisar, o fará com mais rapidez e eficiência. O professor precisa estar atento, porque a tendência na Internet é para a dispersão fácil. O intercâmbio constante de resultados e a supervisão do professor podem ajudar a obter melhores resultados. Eles vão gravando os endereços, artigos e imagens mais interessantes também fazem anotações escritas, com rápidos comentários. 
As aulas na Internet se alternam com as aulas habituais, nas quais acrescentamos textos escritos, vídeos para aprofundar os temas pesquisados inicialmente na Internet. 
A navegação precisa de bom senso. Às vezes passaremos bastante tempo sem achar algo importante e, de repente, se estivermos atentos, conseguiremos um artigo fundamental, uma página esclarecedora. O cuidado estético nos ajuda a reconhecer e a apreciar páginas elaboradas com bom gosto, com integração de imagem e texto. Principalmente para os alunos, o estético é uma qualidade fundamental de atração.
Os alunos tendem a se dispersar diante de tantas conexões possíveis, de endereços dentro de outros endereços, de imagens e textos.
É mais atraente navegar, descobrir coisas novas do que analisá-las, compará-las. Por outro lado, isso reforça uma atitude consumista dos jovens diante da produção cultural audiovisual.Os alunos se impressionam primeiro com as páginas mais bonitas, que exibem mais imagens, animações, sons. As imagens animadas exercem um semelhante às do cinema, vídeo e televisão. Os lugares menos atraentes visualmente costumam ser deixados em segundo plano, o que acarreta, às vezes, perda de informações de grande valor.
A Internet é uma tecnologia que facilita a motivação dos alunos, pela novidade e pelas possibilidades de pesquisa que oferece. Essa motivação aumenta se o professor trabalha em um clima de confiança, de abertura,com os alunos. Mais que a tecnologia, o que facilita o processo de ensino-aprendizagem é a capacidade de comunicação autêntica do professor, de estabelecer relações de confiança com seus alunos, pelo equilíbrio, competência e simpatia com que atua.
A possibilidade de divulgar páginas pessoais e grupais na Internet gera uma grande motivação, visibilidade, responsabilidade para professores e alunos. Todos se esforçam para escrever bem, para comunicar melhor suas idéias, para serem bem aceitos, para não fazerem feio. Alguns dos endereços mais interessantes ou visitados da Internet no Brasil são feitos por adolescentes ou jovens.
Outro resultado comum à maior parte dos projetos na Internet confirma a riqueza de interações que surgem, os contatos virtuais, as amizades, as trocas constantes com outros colegas, tanto por parte dos professores como dos alunos.

Problemas no uso da Internet na educação
Alguns alunos não aceitam facilmente essa mudança na forma de ensinar e de aprender. Estão acostumados a receber tudo pronto do professor e esperam que ele continue dando aula, como sinônimo de ele falar e os alunos escutarem. Alguns professores também criticam essa nova forma, porque parece uma forma de não dar aula, de ficar brincando de aula.
Os alunos, principalmente os mais jovens, passeiam pelas páginas da Internet, descobrindo muitas coisas interessantes, enquanto deixam, por afobação, outras tantas, tão ou mais importantes, de lado.

Conclusão
Educar é procurar chegar ao aluno por todos os caminhos possíveis: pela experiência, pela imagem, pelo som, pela representação (dramatizações, simulações), pela multimídia. É partir de onde o aluno está, ajudando-o a ir do concreto ao abstrato, do imediato para o contexto, do vivencial para o intelectual, integrando o sensorial, o emocional e o racional. O emocional é um componente fundamental da compreensão e do ensino.
Só pessoas livres merecem o diploma de educador. O poder de interação não está fundamentalmente nas tecnologias, mas na mente de professores e alunos. Ensinar com as novas mídias será uma revolução, se mudar os paradigmas convencionais do ensino que mantêm distantes professores e alunos. A Internet é um novo meio de comunicação, ainda incipiente, mas que pode ajudar a rever, a ampliar e a modificar muitas das formas atuais de ensinar e aprender.

BIBLIOGRAFIA
Como utilizar a Internet na Educação. Revista Ciência da Informação, v. 26, n.2, p.146-153, 1997.         

Thaynã Menescal
  Produção Publicitária
   Faculdade Cisne         

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