Pedro Henrique
Falco Ortiz autor do artigo,
cujo nome é o mesmo desta postagem, mostra o lado positivo que o EZLN teve com
a sociedade mexicana e as dificuldades que enfrentaram para conseguir seus
direitos.
No dia primeiro de Janeiro de
1994, enquanto os mexicanos comemoravam o acordo comercial feito pelos Estados
Unidos, Canadá e México conhecido como TLC (Tratado de Livre Comercio),
milhares de mestiços e índios tzotzil, tzeltal, tojolabal, chol, mame e zoque,
herdeiros da cultura maia, saíram das montanhas e começaram a ocupar várias
localidades do pobre Estado de Chiapas. Eles se auto-intitulavam o Exército
Zapatista de Libertação Nacional – EZLN, e surpreenderam não só o governo
mexicano como também o mundo por suas ações relâmpagos.
Logo o mundo ficou sabendo de sua
existência. Como a chegada do EZLN foi logo num dia de comemoração para os cidadãos
mexicanos, no dia seguinte devido a ressaca, não conseguiram pensar em uma
maneira mais adequada para responder aos rebeldes, começara uma guerra, que
estavam baixando o numero de rebeldes, tanto por mortes quanto por desistência.
Diversas cidades do país clamavam um cessar-fogo e uma abertura de negociações
entre as partes. EZLN pedia seu reconhecido com o status de força beligerante e
que suas reivindicações básicas por terra, trabalho, pão, teto, liberdade,
dignidade e justiça fossem atendidas, ou pelo menos consideradas. Após uma
semana os governantes aceitaram abrir as negociações e escolheram o Bispo de San
Cristóbal de las Casas, D. Samuel Ruiz García. A Conai – Comissão Nacional de
Intermediação, presidida por Ruiz e integrada por intelectuais, artistas e
dirigentes sociais, impulsionou primeiras negociações entre os rebeldes
zapatistas e o governo federal, a partir de fevereiro de 1994, e manteve-se
como a principal instância negociadora do processo de paz até sua dissolução,
em 1997.
As negociações com a EZLN duraram
algum tempo, e nesse meio tempo, as mídias locais e estrangeiras começaram a
fazer reportagens sobre o caso, e indo até perto de áreas de controle dos Zapatistas
para ver o que conseguiam para suas reportagens. Logo surgiram diversas notas
não autorizadas de que nenhum acordo de paz teria sido firmado. Mas pouco tempo
depois o governo mexicano desmentiu, dizendo que haviam sido firmados diversos acordos.
Com isso as mídias reapareceram, e enquanto o governo comemorava a eficácia das
negociações, o EZLN ficava cada vez mais famoso como o novo ícone da revolta
popular em tempos pós-modernos, com a ajuda da televisão e jornais emergentes
da época.
Os zapatistas são, ao mesmo
tempo, um grupo armado com amplas bases sociais e um movimento popular que
contesta as concepções tradicionais da política. Um movimento armado que não
pretende a tomada do poder, mas sim um diálogo permanente com a sociedade
civil, que possibilite um movimento maior pelas transformações sociais.
Pode ser que o EZLN desapareça
como grupo armado, por decisão sua ou por uma opção militar radical do governo
federal e suas forças armadas. Pode ser que cresça ainda mais como força política
articulada com outros movimentos sociais. Há muitos horizontes possíveis.
As iniciativas políticas do zapatismo,
sempre estabelecem uma ponte de diálogo com chamada sociedade civil, tanto
mexicana quanto planetária. Houve a criação da Frente Zapista (FZLN) e a
criação do Congresso Nacional Indígena (CNI).Desde então lutam pela aprovação
de leis como a Lei de Direitos e Cultura Indígenas que já haviam sido negociada
com os representantes do governo, mas foi modificada e mutilada pelo Congresso
Nacional mexicano , em resposta a isso os zapatistas convocaram a sociedade
civil e fizeram em 2001 a gigantesca Marcha Indígena, que durou mais de mil quilômetros,
que terminou na Cidade do México, onde
ficaram e reivindicaram seus direitos.
Durante mais de doze anos, o EZLN
deixou marcas profundas e positivas para a sociedade mexicana e contribuiu para
a rearticulação dos movimentos socais, para o crescimento da oposição ao
sistema de partido-estado e para que o México mestiço se reconhecesse no México
indígena, historicamente marginalizado. O zapatismo mostrou que ainda é possível
lutar contra a exclusão e a favor do reconhecimento dos povos e por direitos
iguais para todos.
Marcos Barbosa
Produção
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Faculdade Cisne
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